O Amigo Senhor Aristídes




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Conhecemos as realidades arqueológicas de Penamacor vai para muitos anos. É um concelho com um enorme potencial por descobrir e por objectivar nesse domínio. Depois da fase pioneira protagonizada por Mário Pires Bento, fundador do Museu de Penamacor, a quem dedicaremos um próximo post, outros seguiram-lhe os trajectos esboçados. Também aqui houve alguns dos ditos ‘descobridores’... Mas o que interessa é que o território penamacorense é hoje incontornável nos estudos sobre, por exemplo, o processo romanizador na nossa região, sendo um dos concelhos do Distrito de Castelo Branco onde está a ser desenvolvido um dos trabalhos mais sérios no que concerne à arqueologia medieval e moderna. Parabéns à autarquia, na pessoa do vice-Presidente António Cabanas, obreiro da estratégia de desenvolvimento que conjuga a presença do passado no futuro do concelho. Do passado da investigação arqueológica e histórica, recordamos com muita saudade a organização de 5 a 7 de Outubro de 1979, do “1º Colóquio de Arqueologia e História do Concelho de Penamacor”. Foi um colóquio efervescente e muito positivo para o trilhar de posicionamentos em relação ao entendimento da presença e da função do ‘património’ nos devires da sociedade. Houve rupturas. Principalmente com aqueles que já então entendiam o património colectivo como um meio de melhoria não só dos seus mesquinhos interesses económicos mas principalmente como algo que os afirmaria na construção do Poder... Tristes ‘estórias’ que um destes dias, desocultaremos. Na ocasião apresentei uma comunicação subordinada ao tema: «Subsídios para a carta arqueológica do concelho de Penamacor até ao domínio romano”. Está recolhida nas Actas do evento e ainda hoje é referenciada apesar da sua idade. Recordamos pela sua inovação e qualidade as comunicações proferidas pelo Candeias da Silva, pela Isabel Cristina Fernandes, pelo Patrício Curado, pelo Manuel Maia, pelo Pedro Salvado pelo Manuel Leitão, entre outras. Outros tempos, outras idades, outros sonhos...
Mas hoje quem queremos evocar é um Homem cuja vida se confunde com a vida do “Museu de Penamacor”: o nosso bom amigo Aristides Galhardo Mota. Nestes tempos de especialistas, (no colóquio de 1979 então abundaram os nefastos ‘pré-especialistas em arqueologia pela Universidade de Coimbra), o senhor Aristides é um excelente exemplo de um amador como aquele que efectivamente ama, desinteressadamente, alguma coisa. Durante vinte e cinco anos o senhor Aristides organizou e conservou o espólio museológico do concelho. Natural da Covilhã, este filho adoptivo da Raia, foi taxador de transportes em Angola. A partir de 1982, abraçou a causa do património da região com uma elevada dedicação e um empenho total e exemplar. Nunca inventou nada. Sempre colaborante, do simples investigador ao catedrático de Universidade; é um autêntico guardião da nossa memória material. Outra das suas qualidades é a sua humildade e o seu afã em aprender sempre. Em 1989, O Museu de Francisco Tavares Proença Júnior de Castelo Branco, e na direcção do Dr. António Salvado promoveu com o então IPPC o primeiro Curso de Técnicos Auxiliares de Museografia, área profissional em que a região era e é, muito deficitária. Frequentei a formação e sabem quem era o aluno sénior? O Senhor Aristides. O Senhor Aristides que tudo apreendeu com fervor e que depois tão bem soube aplicar. Lemos, hoje, na edição do JF uma merecida reportagem de Jolon sobre o Senhor Aristides que se manifesta estar triste por certas coisas que aconteceram ao ‘seu’ museu. Segundo o articulista «tem razão para isso”. Da nossa parte aqui deixamos um apelo a quem de direito: Ouçam. Ouçam bem e considerem o saber deste amador de pedras, de ferros e de futuros.


Foto: Visita de estudo dos alunos do Curso de Técnicos Auxiliares de Museografia. Lá estão o Pedro Salvado, o Agostinho Ribeiro, José Barata, Drs António Salvado e António Nabais, Céu e o seu actual marido o "Fonseca de Albuquerque (desculpa Tó, mas para uma série de Amigos serás sempre ele)... e os outros onde é que andarão? Eram provenientes de sítios chegados e distantes como Castelo de Vide, Guarda, Nisa, Alter do Chão, Castelo Branco, Idanha-a-Velha, Belmonte, Covilhã, Penamacor e Mação. O Senhor Aristides não aparece porque foi ele que tirou a fotografia mas está sempre presente na nossa memória e no nosso coração.

Rosto de um folheto arrolamento das principais existências do Museu Municipal elaborado em 1995, por Aristides Galhardo Mota.