Como curiosidade, e cumprindo uma missão, vá lá, pedagógica, aqui se regista a prova do concurso da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova para o ingresso de um técnico superior de História da Categoria de técnico superior de segunda classe. Como podemos constatar a “prova escrita de conhecimentos” é formada por dois grupos um classificado de “conhecimentos gerais de Administração Pública” e o segundo intitulado de “Conhecimentos técnicos”. Quanto ao primeiro apenas considerar ser realmente muito importante detectar se o candidato ao trabalho sabe ou não sabe do seu direito a férias, dos prazos dos atestados médicos. Também muito importante para os organizadores da prova é o controlo dos saberes dos candidatos a propósito das penas disciplinares de inactividade ou do direito de instaurar procedimento disciplinar. Outra relevante é o pedido para classificar como verdadeiras ou falsas um conjunto de afirmações como esta: “O registo na acta do voto de vencido isenta o emissor deste da responsabilidade que eventualmente resulte da deliberação tomada”. Isto é o
Artigo 93.º |
1 - Os membros do órgão podem fazer constar da acta o seu voto de vencido e as razões que o justifiquem. |
Das COMPETÊNCIAS E REGIME JURÍDICO das Autarquias Locais
Onde é que ensinaram isto a um candidato licenciado em História ou em Arqueologia é que já não sabemos? E o que é que isto interessará para ser um bom estagiário do lugar? Mas o sistema é assim mesmo, e são estes os conhecimentos que qualquer concurso público solicita aos candidatos.
A secção dos ‘conhecimentos técnicos” é outra coisa e tem que se lhe diga. E por várias ordens de razões. Primeiro por se ter caído num excesso de evidente localismo… a não ser que a prova tenha sido ‘formatada’ para os da casa? A maioria dos candidatos não é originária de fora? Daí não se perceber como é que se fala em rede museológica com ….2 pólos;; da confusão ( para não dizer outra coisa) entre estruturas museológicas e estruturas patrimoniais… Esta é … demais.. Enfim. Para os criadores da prova de conhecimentos o Centro Cultural Raiano é uma estrutura museológica e os lagares de Proença-a-Velha são estruturas de valor patrimonial. Logo os lagares não possuem valências museológicas, nem o CCR é um valor patrimonial.Que grande indefinição. Apreciamos, igualmente, o toque clássico do v.g. "verbi gratia" ou um dos elementos do júri não tivesse um toque de formação mais clássico. Também deveras exemplar é essa da elaboração de um relatório para formação do serviço educativo… para esta rede, que apesar do «esforço elevado posto neste projecto estruturante» como os elementos do Exmº Júri fizeram questão de salientar, ainda só tem 2 ..Pólos! então essa do acréscimo de uma «informação para aprovação pelo superior hierárquico competente» para a tomada de decisão…ui, ui, pois, pois. E quanto tempo é que os candidatos tiveram para realizar esta….tese? E para quê. Ou para quem? E muito feio brincar com as expectativas dos outros sabiam? E pergunto porque é que foi preciso um simples concurso para aparecerem ideias correctas sobre um verdadeiro serviço educativo e não arremedos disso.
Quanto à frase de Eduardo Lourenço:
Só temos o passado à nossa disposição. É com ele que
imaginamos o futuro., os elementos do Júri solicitavam ao candidato um comentário em que valorizam a …EFICÁCIA (o quê?) e o uso do vocabulário especializado (do quê?) E já agora., meus caros a frase continua…
«Mas há duas maneiras de se servir do passado
para construir o que, por não termos outro remédio, se chama futuro.
Uma é ter passado como se o não tivéssemos (...) A outra é a de ter
essencialmente, ou com uma fixação hipnótica, só passado, quer
dizer, ser simbólica e apaixonadamente passado.»
Presunção e água benta cada qual toma a que quer apesar do deserto mental e cultural continuar a aumentar e a crescer. A CRESCER. A CRESCER.