Inspector Baptista Martins. Presente....


Acabou de me chegar às mãos uma revista denominada VIVER, propriedade da ADRACES. O grande tema de capa é sobre os velhos da raia. Para grande espanto meu ao chegar à página 6 encaro com alguém de que eu gostava muito e que já partiu deste mundo há alguns anos, o Senhor José Baptista Martins, antigo presidente da Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, o melhor a todos os níveis.
Trata-se de uma singela homenagem da ADRACES de quem o homenageado foi fundador (por acaso eu não sabia deste pormenor, e já me tinha interrogado, mais que uma vez, do porquê da sede da ADRACES em Vila Velha de Ródão) sendo o texto da autoria de seu filho José Nuno Martins de quem sou fã. Muito se pode dizer de Baptista Martins e pouco foi dito infelizmente, mas vou reter uma frase de seu filho como demonstrativo do Homem "O meu pai era, de facto, um homem bom, sensível e generoso".
Saudoso deste grande vulto, lanço a ideia de uma homenagem à altura. Caberá à Câmara Municipal de Ródão e à ADRACES a sua concretização prática, por mim toda a disponíbilidade possível.

Monografia que recomendo

MILHEIRO, António, 1944-

S. Miguel de Acha: memórias da cultura tradicional / António Milheiro.- Idanha-a-Nova: Câmara Municipal, 2002.- 160 p.; 24 cm

Este livro já tem alguns anos e tem sido pouco citado a todos os níveis. Acho que é uma pena, pois trata-se de uma obra de muito valor, especialmente pela qualidade dos levantamentos etnográficos e musicais, aliada à boa qualidade das fotografias. Daquí um voto de felicitações ao autor com a esperança que a sua obra não termine por aquí.

Mitos raianos ou campestres

Por aquí, especialmente as pessoas mais idosas, têm a mania de que tudo o que havia antigamente era mais saudável, que as pessoas viviam mais tempo que agora e de que os velhos é que têm a sabedoria toda, em resumo que uma vida dedicada ao estudo e a aprender de nada servem. Efectivamente, e aparentemente poderão ter alguma razão, mas se olhar-mos com uma visão analítica para o caso, logo veremos que nada disto é real. Quanto à saúde sabe-se perfeitamente que as pessoas morriam mais facilmente, só resistindo os mais sãos, verdadeira selecção natural. Até ao primeiro ano de vida mais de metade dos nascidos não resistia, mas desses ninguém se lembra, só se lembram daqueles que chegam a idades avançadas, um ou dois. E os outros? Era saudável ter a pocilga do porco à porta de casa? As galinhas no poleiro dentro de casa? Não ter esgotos nem àgua canalizada? Não haver vacinas e o médico nem vislumbrá-lo? Sinceramente, não sei quem poderá ter daudades de um tempo assim. Para não falar já da luz eléctrica, das reformas para os velhos, etc, etc.
Quanto à sabedoria, é uma sabedoria saloia, não me estou a referir à sabedoria popular, mas sim aquela feita de sabechices. Um exemplo. Para que era preciso saber os caminhos de ferro de Angola? Para um velho que não os sabe não se sabe nada. E os rios de Portugal na ponta da língua, começando de norte para sul e de sul para norte, mas é preciso ter cuidado e ninguém interromper a cantiga, porque senão tem de se voltar ao princípio. Afinal que sabedoria é esta?

Gregório de Matos Guerra em Castelo Branco?


No antigo convento de S. António dos Capuchos em Castelo Branco, actualmente estabelecimento prisional, podem admirar-se algumas inscrições portuguesas como a que a foto documenta. A maioria são inscrições funerárias.
Por curiosidade decidi dar a conhecer esta pelo aspecto enigmático que sempre teve, ou seja era de fácil leitura, mas quando se chegava à interpretação já era outra a música. Após alguns anos de busca surguiu-me quase sem esperar a chave para a interpretação da mesma. Trata-se, não de uma composição de epigrafia clássica, mas do mote de um poema de um poeta brasileiro do século XVII, Gregório de Mattos e Guerra, também conhecido como Boca de Inferno, denominado Ao gloriozo portuguez Santo António. Sabendo-se que nada foi publicado deste autor antes dos meados do século XVIII, como chegou este excerto da sua obra a Castelo Branco em 1719? Será que Gregório de Mattos esteve em Castelo Branco, quando residiu em Portugal entre1652 e 1679? Se não como aqui chegou o verso do Boca de Inferno ao Convento?

Bibliografia: Joaquim M. B. Santos, Acerca de uma inscrição do antigo convento de Santo António dos Capuchos (Castelo Branco), Estudos de Castelo Branco, Nova Série, 3, 2004, p. 65-68

Futuro arqueossítio
















Este é um post á maneira do Bota e a ele dedicado.

Há alguns anos houve um grande incêndio entre Idanha-a-Velha e Monsanto da Beira que tudo destruiu na sua frente. Entre os bens atingidos encontra-se esta casa, isolada, já na freguesia de Monsanto. Possuia a casa um pio em cimento para esmagar as uvas e fazer o vinho com um mais pequeno ao lado. Servia também para abrigar alfaias agricolas e pesticidas.

Com o passar do fogo ardeu a porta e o madeiramento do telhado, implicando a queda do mesmo. Hoje passados quase 15 anos sobre o sucedido a arrecadação encontra-se neste estado. O pio pequeno quase não se vê, as telhas do telhado vão estando mais partidas e cobertas de detritos trazidos pelo vento. Só as paredes continuam em pé. Quase que se podia fazer uma escavação e desenhar uma estratigrafia.

Estando assim descrita a situação a partir de que altura se poderá considerar este local um arqueossitio?

Programa da 13ª Feira Raiana



S. Pedro de Vila Corça

Diz-se que na parede exterior virada a sul da capela românica de S. Pedro de Vila Corça (Monsanto da Beira) existe um relógio, constituído pelas pedras que estão saídas da parede. É de acreditar?

João Carlos Lázaro de Faria

Mais um acontecimento vem , de novo, este ano empobrecer a arqueologia portuguesa. Uma vez mais a teia da morte atacou, tendo desta vez levado alguém da minha idade.

Pois é, lá foi chamado para o além o João Carlos Faria.

Conheci-o no IV Congresso Nacional de Arqueologia realizado em Faro em 1980, e em que o João apresentou uma comunicação sobre Alcácer do Sal, comunicação essa bastante louvado, até porque na altura o João Faria ainda não era licenciado. Lembro-me da intervenção de António Cavaleiro Paixão, elogiosa a todos os niveis.

Á esposa, filhos e demais familiares os meus mais sentidos pêsames.

Vias romanizadas


Em Idanha-a-Velha existe uma linda calçada a que todos chamam de romana. Desde D. Fernando de Almeida ao mais modesto morador desta freguesia. Mas, na realidade, de romano tem apenas as pedras que a constituiem, reaproveitadas possivelmente da muralha que lhe passa ao lado. Verdade, verdadinha esta calçada não é nem nunca foi romana. Foi mandada fazer pelo Morgado de Idanha-a-Velha João dos Reis Leitão Marrocos nos princípios do século XX, para amenizar a descida que era efectuada na rocha base, neste caso o xisto. Aliás as pedras acoplam-se perfeitamente às casas (e estas são recentes) e conheci pessoas que se lembram ainda da construção desta calçada. Infelizmente quase todos os dias vejo pessoas que até mostram aos turistas a terra continuarem a chamar romana à calçada e à ponte que fica a cem metros para sul.

Que pasmaceira....

A começar por mim. Que saudades dos meus primeiros tempos da Blogosfera. Que saudades de Blogs que já nos deixaram.

ARQUEOBLOGO
BLOG DO ALEX
TEMPORE
ARQVEOLVGVS
COBRA CUSPIDEIRA
MASCHAMBA

Não sei se isto é sazonal, mas para ser sincero estou com grandes dificuldades em arranjar assunto e não ser repetitivo. Espero por melhores dias.

Afinal o IPPAR não pode embargar



Como ontem demos a conhecer havia notícias de que o IPPAR iria embargar as obras do Polis da Covilhã no Parque da Goldra. Afinal não pode embargar pois a zona não está classificada. Realmente esta é uma conclusão sem sentido, então um organismo do Estado que tem por missão proteger o património cultural, não pode actuar se a zona não estiver classificada? Então se nuns terrenos quaisquer aparecesse um monumento desconhecido mas de grande importância, quer dizer que as obras poderiam continuar alegremente, pois as coisas não estavam classificadas. Coisas que eu não compreendo...
Nota-se um tom crispado entre o delegado do IPPAR e o Presidente da Câmara Municipal da Covilhã, tendo o Arq. José Afonso dito ao "O Interior":

-"O IPPAR já fez inúmeras queixas contra a Câmara. Há um rol de obras em que se desafiou a lei. Esta é a verdade que tem de ser dita, goste-se ou não"

O Presidente da Câmara da Covilhã diz por sua vez à mesma fonte:

-"O que querem é arranjar emprego aos arqueólogos"
-"A única coisa que existe no subsolo são cacos. Se aquilo tivesse valor, seríamos os primeiros a defendê-lo".

Afinal a Câmara Municipal da Covilhã não precisa de arqueólogo há lá alguém que sem o ser o é.

Pólis

O programa Polis está activo em duas cidades do distrito (Castelo Branco e Covilhã) e em ambas efectuam-se obras em locais sensiveis do ponto de vista do património cultural, que aconselham a que as mesmas sejam acompanhadas por um arqueólogo. Na Covilhã dão-se ao luxo de avançar com as obras de qualquer maneira, sem acompanhamento. Em Castelo Branco o acompanhamento é feito, pelo menos a nível formal, mas não deve passar disso. Soube pela Mafia da Cova que o IPPAR se prepara para embargar as obras do Parque da Goldra por não haver acompanhamento. Em Castelo Branco o IPPAR não faz nada embora as obras estejam a decorrer praticamente nas suas traseiras.

Em Castelo Branco são espertos, fazem de conta que fazem, mas não fazem. Na Covilhã querem ser mais pragmáticos e dizem redondamente que não fazem, resultado? Com vinagre não se apanham moscas. A aparência é tudo e vale.
Em Castelo Branco não há "empatas", na Covilhã estes são atraídos.

Porque será?

13ª Feira Raiana


Mais uma vez a Feira Raiana realiza-se em Idanha-a-Nova. O programa é extenso e cobre várias áreas, das actividades económicas ao lazer. Para mais informações aconselha-se a consulta do site da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova.

Matriz egitaniense


Imagem de Nossa Senhora da Conceição na matriz de Idanha-a-Velha. Os azulejos em redor são o máximo, e toda a igreja está assim forrada. Que me dizem....

Ainda acerca dos Calmões

Acho que o Jorge Portugal pôs o dedo na ferida. Não é nada que eu não estivesse à espera. Efectivamente penso que os calmões são descendentes de famílias de origem judaica. No caso de Alcafozes são assim chamados os Brito e os Pereira. O facto de possuirem rabo de sete em sete gerações está claramente associado ao Mafarrico, que também tem cauda. Eis pois em poucas palavras um modo de exclusão social de um grupo, de que não se tem memória porquê. Ficou-lhe o nome e ainda hoje é comum ouvir-se a propósito "é calmão" em tom desdenhoso.