Concordamos com o nosso colega Stalker quando escreveu:
«O programa de hoje de Hermano Saraiva foi um comício dedicado a Castelo Branco. Cidade exemplo ao nível do crescimento, do emprego, do empreendedorismo, das condições de vida, um verdadeiro modelo para o resto do país, pois segundo as palavras do autor do programa se outras regiões seguissem o nosso exemplo, o país estaria uns bons furos acima na competitividade. Um mimo. (…)
Uma peça antológica, talvez a responder às críticas que se ouviram quando há uns anos o mesmo José Hermano Saraiva fez um programa sobre a cidade, nada do agrado dos locais.
Sim. O programa realizado vai para alguns anos, não foi mesmo do agrado de alguns locais. Atenção só alguns. Principalmente, e vejam lá a originalidade, para não dizer outra coisa, do Senhor Presidente da Câmara da minha cidade Joaquim Morão. Em entrevista dada à revista «Raia», em 2000, o Professor José Hermano Saraiva recordou o assunto. Como não inclui esta crise historiográfica albicastrense nas suas magníficas memórias resolvemos, para contextualização dos nossos leitores, reproduzir o que o Professor respondeu à pergunta: “Algum dos seus programas gerou polémica?”. Vem na página 15, do número 43 da revista RAIA e não consta que tenha havido desmentido.
«Ainda hoje, em cerca de 3000 programas houve só dois que originaram protestos. Foi o do Seixal e o de Castelo Branco. A razão é espantosa. Referi no programa que no princípio do século XIII, o concelho da Covilhã, onde se praticava a transumância veio com os seus rebanhos e tentou atravessar o concelho de CASTELO BRANCO. Acontece que quem mandava lá eram os templários que não lhes deram licença para atravessarem os campos albicastrenses. Os templários, em conjunto com o concelho de Castelo branco, caíram-lhes em cima e mataram-nos. a sentença original está na Torre do Tombo. O povo foi julgado e o rei ordenou que se construísse uma capela para recolher os cadáveres da Covilhã. (…) Este episódio é dos mais importantes da história social portuguesa. Castelo branco protestou dizendo que eu estava a recordar factos baseados em lendas. Mas quem protestou foram os rotários. Levei a carta ao presidente nacional dos rotários, que era o juiz conselheiro Gonçalves Pereira e disse-lhe que estranhava MUITO VER OS ROTÁRIOS TOMAREM POSIÇÃO NUM ASSUNTO CONTRA A VERDADE. Ele ficou de ver o que se passava. Um Mês depois telefonou-me e contou-me que.” O presidente mente, não houve nenhuma votação, nem nenhuma reunião, e o que o presidente dos rotários de Castelo Branco fez isto porque o presidente da Câmara Joaquim Morão lhe pediu, atitude que já mereceu censura. O facto passou-se no século XII, é verdadeiro, e no século XXI tenta-se desmentir.»
É curioso não é, toda esta memória associada ao primeiro programa sobre CASTELO BRANCO do professor José Hermano Saraiva. E se foi mesmo assim, palavras para quê? Não valia nem vale a pena. As obras do Polis, sempre com grandes acompanhamentos arqueológicos e pesadas edições bibliográficas, construiriam a nova História da agora tão progressiva (será?) cidade de Castelo Branco.