Paisagem su-real


Por estas terras do interior, somos confrontados amiúde com situações que se não revelassem o estado de civismo do povo português, davam para rir. Neste "fim do mundo", todo o indivíduo tem a mania que é arquitécto ou então julga-se com direitos sobre a área pública das nossas ruas. Assim encontramos as coisas mais incriveis acantonadas nas nossas estreitas ruas, em alguns casos, autênticas lixeiras. Mas o que faz o poder autarquico? Nada, e quando pensam em fazer alguma coisa, são logo desencorajados, pela ideia de que no ano seguinte ou no outro haverá eleições e se puserem alguém na linha, possivelmente são uns votos que se perdem para os contrários. Isto para explicar que ninguém se atreve a dizer nada a ninguém e assim o pessoal até pensa que tem direitos adquiridos sobre as "atestadas".
O exemplo que mostro hoje, alia o ilegal ao burlesco. O ilegal porque não é permitido haver tanques de lavar nas ruas públicas, afinal já toda a gente até já tem água ao domicilio e máquinas de lavar automáticas, mas os velhos hábitos mantêm-se e tirar aquele mamarracho dali requer coragem que os nossos edis recusam a tomar. O burlesco é o aparelho de ar condicionado, desmesurado espetado na parede de uma casa que até é uma capela. É um acto de insensibilidade a todos os níveis, pois estou certo que o aparelho teria outro local, menos agressivo, para ser colocado. Mas qual quê, deve ter sido no primeiro lugar onde pensaram e de certeza, naquele em que é pedido menos esforço aos montadores.
Olhando melhor, o que será que ainda aí podia ser colocado? Para deleite das insensibilidades...