OLHA COMO É PORTUGAL NA UE


Por variadíssimas razões, o Programa Aldeias Históricas de Portugal deixou desde que foi lançado na minha terra de adopção Idanha-a-Velha, pelo então Primeiro Ministro Professor Aníbal Cavaco Silva, sempre muito a desejar. Não vamos aqui proceder a qualquer balanço do mesmo. Não vale a pena mais não seja porque o tempo se encarregou disso mesmo. O Programa Aldeias Históricas de Portugal face a todas as expectativas e promessas foi como diz um nosso Amigo «um flop técnico e uma aberração cultural já históricos. O programa é um excelente manual de más práticas daquilo que nunca se deve ser feito em meios rurais». Os vários técnicos envolvidos no programa (arquitectos, principalmente) perderam-se em atitudes personalistas umbilicais. O todo nunca interessou a ninguém. Investiu-se nas micro partes das aldeias, pagas, por dinheiros comunitários. Folheando os roteiros e todos os «matérias promocionais» há matérias e lindas fotografias para todos os gostos, pois claro. Já quanto aos textos… banalidades sociológicas, históricas e geográficas abundam e reproduziram-se à exaustão. E ainda por cima, muitos deles são assinados. A este assunto voltaremos. Resumindo foi a lógica do imediatismo e dos localismos estapafúrdios ao sabor das tão perniciosas redes de influência que dominaram o programa ao longo de todo estes anos É verdade que se gastaram milhões a recuperar fachadas, a enterrar cabos e em acções de animação e de promoção as ditas festarolas para animar o povão que entretanto foi morrendo. Mas aí vinha a salvação do interior e da desertificação das aldeias. O património artístico, os sabores, as tradições, tudo isto era o grande futuro prometido. Os deuses dos "tórismos" é que eram a solução. Mas não foram. Passaram e vão passando e pouco deixam. Neste longo processo sempre coordenado por sábios em desenvolvimento regional e local as pessoas (sim as que aqui vivem, comem e trabalham) ficaram sempre para o fim. Somos os últimos indígenas rurais a contemplar pelos técnicos e pelos turistas urbanos. Resido em Idanha-a-Velha vai para mais de duas décadas. Sabem quantas reuniões de auscultação cá da população (são terceira idade mas ainda vão ouvindo) é que até agora houve? Nenhuma. Pois é. E, ao lermos, a noticia que editamos tirada do Tal e Qual, dizemos: Como é que esta gente demorou tanto tempo a descobrir que as 12 aldeias tinham que formar um produto turístico? Afinal os doutos técnicos e especialistas da CCDR, mais os senhores empreiteiros do sistema andaram a pensar nestes anos em quê e no quê? Mistérios de gabinetes do Mondego-praia. Quiçá, quiçá, quiçá.