Depois de um banho super revigorante após a sadhana, Gabi - a minha professora de Yoga - convida-me para participar numa celebraçao que se iria fazer num bosque na zona de Granollers, num espaço chamado "A Casa Encantada". Aparentemente iriamos participar num Temazcal. Apesar de já ter lido algo sobre temazcal, nunca soube exactamente como funcionava. Mais uma razao para me parecer o programa perfeito para um S. Joao!
Assim, voltamos para Vilafranca, agarrámos qualquer coisa para comer e enfiámos umas roupas dentro da mochila. Em menos de uma hora estávamos num comboio em direcçao a um sitio donde depois nos levariam à Casa Encantada de carro.
A casa ficava efectivamente num bosque, num bosque lindo. Chegámos a tempo de ajudar na construcçao do Temazcal, envolvendo a estrutura de madeira com grossas mantas, convertendo esse espaço no que ritualmente viria a ser o ventre da Mae Terra. Aqui se reunirao a força dos quatro elementos de forma a dar à luz tudo o que existe, de forma a transformar a vida e possibilitar um renascimento.
Antes do ritual, juntei-me a um grupo que dançava algum tipo de dança... ayurvedica (nao sei exactamente o que pode ser isso, mas...)... uma mistura de tai chi segundo uns principios da ayurveda... ou assim percebi. De qualquer modo, era genial!
Chegou a hora de baixarmos para o ritual. Colhemos algumas flores e depositámos no pequeno altar que se ergue entre a entrada do temazcal e a fogueira onde se aqueciam as pedras.
Entrámos no grande útero e entre canticos xamanicos, mantras ou qualquer outra musica que os participantes se ofereciam a compartir, entre a meditaçao sobre as questoes essenciais do ser humano sugeridas pela Abuela Eda, a nossa temazcaleira, entre lágrimas e sorrisos, voltámos a nascer.
Depois do ritual, que durou aproximadamente 3-4h, fomos jantar e alrededor da enorme fogueira cantámos e as pessoas que levaram objectos, papeis ou desejos, puderam queimar nela tudo de bom e tudo de mau.
Na manha seguinte, fomos conhecer a fonte da Casa Encantada. É um sitio lindo! A água escorre pela parede, formando uma estalactite, caindo sobre uma roca, que de tao antigua já tem uma concavidade onde a água permanece. Ao redor da água o musgo cresceu e alguem, no seu passeio matinal, já tinha deixado umas flores junto à fonte.
Depois do pequeno-almoço, sentámo-nos à sombra de umas arvores enquanto alguem lia umas passagens dum livro de ensinamentos budistas, segundo creio, enquanto que um grupo de "kundalineros" (como lhes/nos chamamos na brincadeira) entoava ra-ma-da-sa, um mantra de sanaçao.
Foi uma experiencia intensissima a do temazcal, e foi muito interessante estar num meio tao diverso, entre xamas, hindus, "kundalineros", outros pagaos e ateus e compartir essa noite.
Nao tinha vontade nenhuma de deixar aquela Casa Encantada, nem aquele bosque... aah, se Titania naquela noite me tivesse feito esta proposta a mim... (ok, ok, passo a parte das orelhas de burro e a proposta poderia partir dum tipo lindissimo... a vida nao é justa...)
Out of this wood do not desire to go:Act 3, Scene I, "Midsummer Night's Dream" - Shakespeare
Thou shalt remain here, whether thou wilt or no.
I am a spirit of no common rate;
The summer still doth tend upon my state;
And I do love thee: therefore, go with me;
I'll give thee fairies to attend on thee,
And they shall fetch thee jewels from the deep,
And sing while thou on pressed flowers dost sleep;
And I will purge thy mortal grossness so
That thou shalt like an airy spirit go.