Como este período do ano é propício à circulação das pessoas pelo nosso interior, reencontrando raízes familiares e culturais, seja-me permitido indicar a visita à Exposição de Costa Camelo, patente na Casa do Bispo, àqueles que parem em Castelo Branco e visitem a minha cidade. Esta afectividade pelo pintor Costa Camelo é justificada, em primeiro lugar, porque foi através da sua obra que tive os primeiros contactos com as expressões artísticas contemporâneas quando era funcionário no Museu de Francisco Tavares Proença Júnior. Com efeito, a introdução neste Museu de linguagens contemporâneas, nomeadamente a realização periódica de exposições nacionais e internacionais de arte comtemporânea, não é nada de novo. Inclusive esteve prevista, já com projecto arquitectónico e tudo, a construção de uma Galeria de Arte Contemporânea projecto idealizado (de borla para o Estado note-se) pelo arquitecto-pintor Noronha da Costa. Infelizmente, os desígnios do poder em relação ao Museu foram outros. Perdeu-se uma oportunidade de recuperar o atraso mas os bordados dariam mais dinheiro...
Voltemos ao covilhanense, e albicastrense por adopção, Costa Camelo. O nome significará pouco mas ficam a saber que estamos diante de um dos melhores pintores contemporâneos, senhor de um extraordinário e original percurso criativo, validado pelos melhores críticos europeus. Quando passamos a vida a falar de identidade regional é uma pena que esta componente., a dos autores e dos pintores oriundos da nossa região, sejam ignorada e esquecida. É mais fácil continuar a falar e a reproduzir aqueles saudosos tempos em que o povo, com os seus trajes típicos, trabalhava a cantar, numa envolvência de miséria. Que felicidade! Que magníficas e tão puras tradições a preservar!