Vem no Público de 9 de Dezembro que umas pinturas seiscentistas existentes na casa da sede do PCP, da Covilhã, foram transformadas em atracção turística. As pinturas foram classificadas (e bem) pelo extinto Instituto Português do Património Arquitectónico de elementos patrimoniais de interesses público. Segundo o historiador Vítor Serrão, “os painéis foram pintados, em 1690, pelo mestre Manuel Pereira, a mando do proprietário da casa, Simão Tavares Cardoso. O tecto é uma alusão aos Descobrimentos portugueses e tem um núcleo central com quatro figuras femininas, correspondentes aos quatro continentes conhecidos na época pelos portugueses. Desse núcleo irradiam oito pinturas, que representam motivos civis e imagens do quotidiano desses continentes.” Até aqui muito bem. Parabéns, em primeiro lugar ao PCP por ter colocado este “seu” património à vista de todos os interessados. Nada de estranhar ou não seja o PCP o único partido onde estes assuntos da defesa e da conservação do património cultural português, não são só retóricas ou interesses circunstanciais… Estranhamos (e desculpem lá…) são os factos e as atitudes relatadas na noticia. Vejamos. Escreveu o jornalista:
«Jerónimo de Sousa vai encontrar o tecto da antiga capela em avançado estado de degradação e ainda à espera de financiamento para ser restaurado. Ao lado, a grande atracção são os painéis do Salão dos Continentes, restaurados em 2002. "O essencial eram os painéis do salão, até pela temática muito rara. Foram recuperados e integrados nas rotas turísticas", disse à agência Lusa Jorge Patrão, presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE), que impulsionou o restauro, concluído em 2002. Os trabalhos custaram cerca de 40 mil euros e foram patrocinados pela Acção Integrada de Base Territorial (AIBT) da Serra da Estrela e pelo IPPAR
Ainda ninguém contou o número de visitas, mas na sede do PCP já ninguém estranha quando, de repente, aparece um grupo de 30 turistas que quer ver as pinturas, "tal como aconteceu há uns dias".»
Magnifica e sublime, sem dúvida, esta dualidade. De um lado restaurou-se o património, do outro lado manteve-se a degradação ou melhor manteve-se a realidade no que à recuperação do património da nossa região. Dirão vale mais um painel no ar que dois no chão. Mas nós dizemos que foi uma ideia extraordinária incluir nas visitas turísticas a sede pintada do PCP, ou não fosse um partido com paredes de vidro. E já agora porque é que a RTSE e ao IGESPAR não colocam um boião no final da ilustrativa visita artística para que os turistas dessem qualquer coisinha para a preservação das outras pinturas dos tectos da capela que estão a apodrecer. (Este apodrecimento não foi por se tratar de uma capela pois não?)
É que o “nível profano”, assumido no resto da peça jornalística, dá, sem dúvida para pensar. Principalmente se atendermos ás declarações do senhor Arquitecto José Afonso, ilustre director da delegação do IGESPAR de Castelo Branco, relativamente a algumas das originalidades da composição arquitectónica. Diz o Sr. Arquitecto: «"É uma sala com um tema profano e muito raro na época: uma visão global do mundo. Como é que isto aparece na Covilhã?", questiona o arquitecto José Afonso. Os painéis mostram inclusivamente cidades com edifícios em grande altura, antecipando cenários urbanos que surgiriam séculos depois. "Como é que alguém imaginou isto? Com que informação? Estas pinturas são fascinantes e colocam inúmeras questões", refere. Para aquele responsável, a pintura "prova a existência na região de pessoas com muita informação e viajadas, muito provavelmente de origem judaica".
Nos seus trabalhos sobre arquitectura, José Afonso já traçou inclusivamente um paralelo entre uma das torres que surge desenhada num dos painéis, que tem um topo esférico alargado. "Limitei-me a pôr a imagem ao lado de uma fotografia da torre de telecomunicações de Toronto (Canadá). Há um paralelismo inegável", diz.»
X –FILE na Covilhã? O Senhor Professor Victor Serrão concorda com a tese e com o método do Sr. director regional do IGESPAR, o Sr. Arquitecto Afonso? ET, s? E a Atlântida? E o Nostradamus? Quiçá, quiçá, quiçá.
Na continuidade do método apresentado pelo Sr. Arquitecto, limitámo-nos a colocar umas fotos da torre de Toronto para os nossos caros leitores meditarem sobre estas coincidências artísticas e sobre os mistérios da existência…terrena.
Já agora relembrar que «O messianismo é, em termos estritos, a crença na vinda - ou no retorno - de um enviado divino libertador, um messias [mashiah em hebraico, christós em grego], com poderes e atribuições que aplicará ao cumprimento da causa de um povo ou um grupo oprimido. Há entretanto um uso mais amplo - e às vezes indevido - do termo para caracterizar movimentos ou atitudes movidas por um sentimento de "eleição" ou "chamado" para o cumprimento de uma tarefa "sagrada".» Deve ser isto. Deve ser isto que tem atulhado e impedindo uma eficaz defesa, estudo e seriedade científica do nosso, depauperado, património regional…