Roteiro do Museu de Francisco Tavares Proença Júnior: algumas impressões rápidas

Já tinha avisado que iria colocar neste espaço alguns comentários acerca do novel roteiro das colecções do Museu Albicastrense. Aliás trata-se de uma publicação que fala muito pouco das colecções. Como tal o título acho que deveria ser outro. Aliado a este facto, verifica-se uma tentativa de apagar da história do Museu períodos muito bem localizados, como sejam as directorias de António Elias Garcia, António Salvado e Clara Vaz Pinto. Sim porque as obras são sempre associadas aos dirigentes que às vezes mesmo tendo pouco a ver com elas. Fala-se demasiado em D. Fernando de Almeida e do seu "reinado" quase o pondo no top. Mas esquecem-se as autoras que corresponde a este período o mais negro da vida do Museu. Sim porque, anteriormente, e para além das enormes dificuldades porque o Museu passou, nunca se assistiu ao descontrolo e aos roubos (talvez "desvios") que nunca ficaram bem explicados, melhor sempre ficou no ar uma certa suspeita no ar, mas eram outros tempos. O descontrole chega ao ponto de se fazerem permutas(?) entre epigrafes de Idanha-a-Velha e Castelo Branco, em suma um farrobodó. Aparentemente, este é o periodo a que as autoras mostram a sua predilecção. Não fazem apontamento das dificuldades sem fim sentidas pelo Tenente-Coronel Elias Garcia que anos a fio foi aguentando o Museu aberto e com alguma dignidade recorrendo á sua carteira. De António Salvado nem é preciso falar muito, basta ir à imprensa regional e nacional. De Clara Vaz Pinto também se fala pouco (os nomes destes directores nunca são citados nesta obra que possui um capítulo dedicado à história do Museu), talvez por outras razões.
Aliado a todo este panorâma as ausências e as imprecisões. Não sabia que o Museu tinha tutelado o Castelo de Castelo Branco. Que se saiba o Museu tutelou os castelos de Belmonte, Belver, Amieira do Tejo, convento da Flor da Rosa e a estação arqueológica de Idanha-a-Velha. Já agora Belmonte não pertence ao concelho da Covilhã como deixa transparecer as legendas de certas fotografias. Outra expressão que ainda estou por entender é essa de espólio de "ferreiro" referindo-se aos materiais da Idade do Bronze de Castelo Novo.
E minhas senhoras o que se passa com a epigrafia portuguesa? O constante esquecimento desta colecção começa a preocupar este amante da mesma.
O facto de haver uma errata sobre a identidade das autoras dos capítulos é sinal que não sei interpretar.
Mas como numa moeda, em que existem duas faces, também tenho a dizer algo do que gostei neste roteiro. E são duas. O capitulo sobre as tecnologias do linho e da seda e as fotos que são soberbas.